Chego tarde, pretendo escrever pouco.
Mas não poderia ir dormir sem despejar aqui meus pensamentos, na tentativa de compartilhar com alguém o que acredito, o que vem à minha mente, na esperança de que seja como um eco: onda de som que vai e volta, sem vácuo.
A pergunta que me faz sentar foi justamente essa: até onde vai o envolvimento? Até onde nos entregamos? Até onde nos deixamos fazer parte da história de alguém? "Até onde queremos", pra mim, é a resposta. Sem rodeios.
Ontem, a leitura do "O menino do pijama listrado" me absorveu por quase uma hora, tempo precioso do meu sono da madrugada. O fato foi que o narrador soube me "pegar de jeito"; me envolveu e lutei para me libertar da leitura, sofri por colocar o livro no criado-mudo e apagar as luzes. Acho que eu estava em busca desse livro e não o culpo por me escravizar até a última página.
A pergunta do título de hoje tem tudo a ver com o livro e comigo. Quem já leu, e lembra, entende: qual a conseqüência de se envolver na vida, nos problemas do outro-que-me-importa? Como não podemos nos envolver? Sinceramente, pra mim é inevitável. Não consigo não me envolver. Acho que isso me aproximou do narrador e fez sentir na alma a dor e o sofrimento de todos aqueles com quem não nos envolvemos, quando o menino de pijama listrado "levantou a cerca e estendeu a mão, tocando nele pela primeira vez"...
Vou em direção ao quarto, rumo ao último capítulo. Espero pegar no sono pensando que se envolver é um dos motivos para estarmos aqui.