Quando Ela dançaQuando ela dança
se livra da máscara mundana,
deixa para trás seus sapatos, seus compromissos e suas preocupações.
Desliza para dentro do veludo e da exaltação
e deixa sua pele envolvê-la gentilmente,
como uma luva sobre sua alma.
Quando ela dança
fecha o exterior,
abre o interior,
remove tudo aquilo que é estático.
E a dança simplesmente vem.
Quando ela dança
viaja,
volta para os penhascos de Malta ou Creta,
para os anéis das pedras druidas,
ou para a caravana que encontra uma caldeira,
onde o círculo das irmãs que dançam
e o braço dos largos quadris da Terra
embalam-na carinhosamente de volta para casa.
Quando ela dança,
alimenta-se dos valores, guardados por séculos
nas tumbas lacradas das sacerdotisas e rainhas.
Pois a ira e a majestade sensual e vibrante dessas mulheres
deve vir à tona dentro dela.
Ela não sabe. Só sabe que se sente assim quando dança.
Quando ela dança, às vezes o passado se une ao futuro,
e tudo que importa é o momento presente, que parece abranger todos os tempos.
Cada passo torna-se uma rede, na qual captura sua vida,
e a ilumina para que os outros possam ver,
depois a deixa ir, como um sonho.
É verdade que, geralmente, quando ela dança,
mostra cada parte de sua história.
Mas, outras vezes, sua história desaparece.
Ela é qualquer pessoa que queira ser quando dança.
Quando ela dança,
e os dias passam sem celebração,
forma-se uma crosta,
cresce uma aresta e
ela fica impaciente com os outros e consigo mesma.
Mas quando ela dança novamente, volta para o templo.
A pressão volta ao normal e ela sorri.
Se olhar bem de perto é difícil dizer
se ela é jovem, velha ou de meia idade.
Ela não tem uma idade específica,
mas é a eterna donzela,
no corpo de uma mãe,
com a alma de uma mulher sábia.
E ela permitirá que você a veja por dentro.
Quando ela dança.
(Karen Andes)