sexta-feira, 25 de junho de 2010

Conselho do Pequeno Príncipe II


"Mas se tu me cativas, minha vida será cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. Os teus me chamarão para fora da toca, como se fosse música."

Sexualidade Feminina - um breve histórico



"Nos lençóis macios, amantes se dão", como na canção de Roberto e Erasmo. Bonito, não? Mas foi preciso percorrer um longo caminho para que a brasileira visse os "travesseiros soltos" e as "roupas pelo chão". A ruptura só começou no fim dos anos 1960, e se consolidou nos anos 1970 e 1980. Antes, a mulher vivia em um mundo no qual manter as aparências de moça de família era fundamental. Nada de "proceder mal". A felicidade conjugal, do ponto de vista feminino, era ser complemento do marido no cotidiano doméstico, dormir de camisola e fazer amor à meia-luz. Nudez total? Só no escuro. Nada de acrobacias eróticas. Fundamental mesmo era ter bom senso: no caso de traição por parte do marido, "fingir ignorar tudo e esmerar-se na aparência para atraí-lo", como sugeriam as revistas femininas. As mesmas que definiam o bem-estar masculino como o bem supremo. E, para atingir tal bem-estar, qual a receita? Conquistar pelo coração e prender pelo estômago. Jamais discutir por dinheiro. Não se precipitar para abraçá-lo quando começasse a ler o jornal. E não contrariá-lo nem quando quisesse fumar um charuto, antes de dormir com luz acesa. Brigas entre o casal? A razão era sempre dele. Mas, se razões houvesse, ela tinha de resignar-se em nome da tal felicidade. O melhor era usar o "jeitinho": assim o marido cedia. Nada de enfrentamentos ou franqueza exagerada. Afinal, o temperamento poligâmico do homem explicava tudo. Em meados do século XX, continuava-se a acreditar que ser mãe e dona de casa era o destino natural da mulher. Já a iniciativa, a participação no mercado de trabalho, a força e o espírito de aventura definiam a masculinidade.

A chegada maciça da pílula anticoncepcional às farmácias, na virada dos 60 para os 70, representou a antessala da chamada revolução sexual. Livre da sífilis, e ainda longe da aids, a jovem podia provar de tudo. O rock’n’roll introduziu a agenda: férias, velocidade e o lema "amai-vos uns sobre os outros". A batida e as letras indicavam a rebeldia diante da autoridade do mundo adulto. Nas capitais e nos meios estudantis, a moça escapava às malhas apertadas da família. Encontros em festas, festivais de música, atividades esportivas e clubes noturnos deixaram-na cada vez mais solta. Saber dançar tornou-se o passaporte para o amor e a tentativa de adaptação a um mundo novo e esforçadamente rebelde.

Carícias se generalizavam. Na cama, novidades. A sexualidade, graças aos avanços da higiene íntima, se estendia ao corpo inteiro. Preliminares ficaram mais longas. Na moda, a minissaia começou a despir os corpos. Lia-se Wilhelm Reich, para quem o nazismo resultou da falta de orgasmos. A ideia de que os casais, além de amar, deviam ser sexualmente equilibrados começava a ser discutida por algumas "prafrentex", como se dizia. Era o início do direito ao prazer para todos, sem que a mulher fosse atormentada por se interessar por alguém.

A imprensa da época revelava idas e vindas do "casal moderno". As reportagens anunciavam a necessidade de a mulher conhecer a si mesma (e aos homens). Afinal, ela já estava "cansada das angústias que a marcaram por tanto tempo". Quanto à "dificuldade de ser fiel", eis a conclusão de um texto de jornal daquele tempo: "Ora, a imagem da mulher emancipada não suprime a imagem da mulher essencialmente pura, basicamente fiel". Quanto ao homem, sua infidelidade seguia intocável. Havia ambiguidade semelhante em relação ao feminismo: se a mulher deixou de baixar a cabeça para passar a dizer "eu quero, eu posso, eu vou fazer", os primeiros sinais de desprezo pelo movimento não tardaram.

A imprensa feminina, reflexo natural da sociedade, continuou a investir na figura da mãe e da dona de casa. Só que, agora, angustiada. Questionada pelos filhos e ameaçada pelas mais jovens, seu horror era "ser trocada por duas de 20". Multiplicavam-se as colunas do gênero "como salvei meu casamento". Para a liberada que aderisse à revolução sexual, não faltavam informações para "entrar no fechadíssimo clube das cabeças que pensam e decidem". Porém, para entrar no tal clube, era preciso ter cabelos esvoaçantes e corpo sedutor. O casal continuava a ser o ponto de referência. E, como antes, o homem era o juiz que avaliava a mulher. Ele era o seu objetivo e razão de ser. E, como antigamente, o "medo de se amarrar" continuava o mesmo. Os argumentos científicos brotavam para ilustrar as diferenças: "Ele tem, biologicamente, o instinto da conquista desde os tempos pré-históricos (...) já a maternidade dotou a mulher de uma estrutura emocional passiva".

Início do século XXI: graças à pílula, o sexo não é mais uma questão moral, mas de bem-estar e prazer. O aumento de divórcios não impede a mulher de recomeçar. Por isso, seu álbum de família contém novos atores: enteados, meios-sogros, produções independentes. Ocupando cada vez mais os postos de trabalho, ela busca o equilíbrio entre o público e o privado. Entre parceiros, surgem regras e práticas mais igualitárias. Graças à independência financeira, ela não fica mais casada por conveniência, dividida entre o desejo de vários parceiros sexuais e a estabilidade necessária aos filhos.

Seu percurso aponta para conquistas, mas também armadilhas. Se a profissionalização trouxe independência, trouxe também stress e exaustão. A desorganização familiar onerou, sobretudo, os mais indefesos: as crianças. A tirania da perfeição física empurrou a mulher não para a busca de uma identidade, mas de uma identificação. O nu, na mídia, despiu seu corpo em público, banalizando-o. Uma estética voltada ao culto da boa forma, fonte de ansiedade e frustração, levou a melhor. No início do século XXI, "liberar-se" tornou-se sinônimo de lutar, centímetro por centímetro, contra a decrepitude. A mulher continua submissa. Agora, não mais ao marido, mas à publicidade. E não há prisão pior do que aquela que não permite mudar nem envelhecer junto com o resto da população.

Nas últimas décadas, ela participou de outro movimento: o que separou a sexualidade, o casamento e o amor. Foi o momento de transição entre a tradição das avós e a sexualidade obrigatória das netas. Ninguém mais quer casar sem "se experimentar". Frigidez, nem pensar. "Ficar e se mandar" é a regra. E só se fala em "sexualidade plural". Separada da procriação, sem culpa, ancorada pela psicanálise e exaltada pela imprensa, a sexualidade da mulher brasileira se tornou assunto obrigatório. Tão obrigatório que chega a entediar. Resta perguntar quem vai lavar, passar e arrumar os tais lençóis macios da cama. Os historiadores de amanhã dirão.

(Mary Del Priore, historiadora, é autora de História das Mulheres no Brasil da Editora Contexto)

Conselho do Pequeno Princípe


"Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para fazê-lo feliz."

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Jó, baixa em mim, por favor!


Ah! Se vendessem paciência nas farmácias e supermercados muita gente iria gastar boa parte do salário nessa mercadoria tão rara hoje em dia. Por muito pouco a madame que parece uma "lady" solta palavrões e berros que lembram as antigas "trabalhadoras do cais"...

E o bem comportado executivo? O"cavalheiro" se transforma numa "besta selvagem" no trânsito que ele mesmo ajuda a tumultuar... Os filhos atrapalham, os idosos incomodam, a voz da vizinha é um tormento, o jeito do chefe é demais para sua cabeça, a esposa virou uma chata, o marido uma "mala sem alça". Aquela velha amiga uma "alça sem mala", o emprego uma tortura, a escola uma chatice. O cinema se arrasta, o teatro nem pensar, até o passeio virou novela.

Outro dia, vi um jovem reclamando que o banco dele pela internet estava demorando a dar o saldo, eu me lembrei da fila dos bancos e balancei a cabeça, inconformado.
Vi uma moça abrindo um e-mail com um texto maravilhoso e ela deletou sem sequer ler o título, dizendo que era longo demais.

Pobres de nós, meninos e meninas sem paciência, sem tempo para a vida, sem tempo para Deus. A paciência está em falta no mercado, e pelo jeito, a paciência sintética dos calmantes está cada vez mais em alta. Pergunte para alguém, que você saiba que é "ansioso demais" onde ele quer chegar? Qual é a finalidade de sua vida? Surpreenda-se com a falta de metas, com o vago de sua resposta.

E você? Onde você quer chegar? Está correndo tanto para quê? Por quem? Seu coração vai aguentar? Se você morrer hoje de infarto agudo do miocárdio o mundo vai parar?
A empresa que você trabalha vai acabar? As pessoas que você ama vão parar?
Será que você conseguiu ler até aqui?

Respire... Acalme-se...
O mundo está apenas na sua primeira volta e, com certeza, no final do dia vai completar o seu giro ao redor do sol, com ou sem a sua paciência...

NÃO SOMOS SERES HUMANOS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL...
SOMOS SERES ESPIRITUAIS PASSANDO POR UMA EXPERIÊNCIA HUMANA...

O Destino decide quem Você encontra na vida... Suas atitudes decidem quem fica.
(Arnaldo Jabor)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Ei, você que pula o meu muro.... Cuidado!


Como chamar a polícia....

Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa.

Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro.

Como minha casa era muito segura, com grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali, espiando tranqüilamente.

Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu endereço. Perguntaram-me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa. Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível.

Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma:

-Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro da escopeta calibre 12, que tenho guardada em casa para estas situações. O tiro fez um estrago danado no cara!

Passados menos de 3 minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um helicóptero, uma unidade do resgate, uma equipe de TV e a turma dos direitos humanos, que não perderiam isso por nada neste mundo.

Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara de assombrado. Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do Comandante da Polícia.

No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse:

-Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão.

Eu respondi:

- Pensei que tivesse dito que não havia nenhuma viatura disponível.

(Luiz Fernando Veríssimo)