sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Love is in the air - Fase II



Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se. E que companhia nem sempre significa segurança.

Começa a aprender que beijos não são contratos e que presentes não são promessas. Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam…

E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la…
(Shakespeare)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Calma que a vida te traz!



"A paciência se define em duas formas: a paciência sobre aquilo que detestas e a paciência frente aquilo que desejas."
Imam Ali

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Ai, o Amor! Sempre dá um jeito de nos laçar...



SOBRE O AMOR

"Então, disse Almitra: "Fala-nos do Amor."
E ele levantou a cabeça, olhou para o povo, e um silêncio caiu sobre eles. E com forte voz falou-lhes, dizendo:

Quando o amor vos acena, segui-o,
Embora seus caminhos sejam ásperos e escarpados.
E quando suas asas vos envolverem, rendam-se a ele,
Embora a espada escondida entre suas plumas possa ferir-vos.
E quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora sua voz possa arrasar vossos sonhos como vento do norte devasta o jardim.

Pois assim como o amor vos exalta, também ele vos crucifica. E tanto ele age em vosso crescimento como em vossa poda.
E assim como ele sobe até vossa altura e acaricia vossos ramos mais tenros que balançam so sol, assim também desce até vossas raízes e as sacode em seu abraço à terra.

Como feixes de messe ele vos aperta junto de si.
Ele vos açoita para mostrar vossa nudez.
Ele vos peneira para seprar-vos de vossas palhas.
Ele vos mói até a brancura.
Ele vos amassa até que estejais macios;
E então vos destina a seu sagrado banquete de Deus.

Todas essas coisas o amor fa´ra convosco para que possais conhecer os segredos do vosso coração, e com esse saber vos tomeis parte do coração da Vida.

Mas, se em vosso medo procurardes apenas a paz e os prazeres do amor, então será melhor vós que cubrais vossa nudez e abandoneis a eira do amor, para um mundos sem estações onde ireis rir, mas não todos os vossos risos, e ireis chorar, mas não todas as vossas lágrimas.

O amor nada dá, a não ser de si mesmo, e nada recebe senão de si próprio.
O amor não possui e não quer ser possuídos.
Pois o amor basta-se a si mesmo.

Quando amais, não devei dizer "Deus está em meu coração", mas dizei "Eu estou no coração de Deus." E não penseis que possais dirigir o curso do amor, pois o amor, se vos achar dignos, dirigirá vosso curso.

O amor não tem outro desejo que não chegar à própria plenitude. Todavia, se amardes e necessitardes ter desejos, que sejam estes vossos desejos. De vos confundires e ser como um regato que canta sua melodia para a noite. De conhecerdes a dor da ternura em excesso. De serdes feridos pela vossa própria compreensão do amor. De sangrardes de boa vontade, alegremente. Acordar ao amanhecer com o coração alado, dando graças por mais um dia de amor. Descansar ao meio-dia e meditar sobre o êxtase do amor. Voltar para casa ao anoitecer com gratidão.

E então adormecer com uma prece para o bem-amado no coração, e uma canção de bem-aventurança nos lábios.

(Khalil Gibran, em O Profeta, 1923)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A Amizade em Tempos Sombrios


A amizade está em declínio e a solidão está em ascensão. Qualquer um pode constatar isso no mundo contemporâneo. Os laços humanos tornam-se cada vez mais frágeis e efêmeros porque vivemos numa época em que tudo se “liquefaz”, usando a imagem de Z. Bauman. Hoje, antes mesmo que uma amizade se solidifique, ela está condenada a se evaporar frustrando a intenção sincera dos pretensos amigos. O amor também facilmente se evapora. Aliás, a própria vida escorre, rapidamente, sem que possamos aproveitá-la intensamente como parecia acontecer com os antigos.

Vivemos a época das grandes manifestações de massa, das grandes multidões que acorrem aos estádios para assistir ao futebol, ao culto religioso, à banda de rock, ao partido político ou ao carisma de um falso ídolo, mas nunca nos sentimos tão só e sem vínculos autênticos de amizade.

Nos dias de hoje já não importa ter amizades autênticas, mas relacionamentos úteis. O outro é avaliado para ser nosso amigo instrumental, em função de interesses mesquinhos. Importa menos um encontro consumatório, para conversar-por-conversar, do que estar conectado na rede, para trocar e-mails, participar de um chat, ser incluído num grupo do orkut, ou simplesmente jogar, jogar e jogar em rede com os “amigos virtuais”. A conexão da Internet ou do celular promete um especial mais-gozar do que estar “ao vivo” com o outro. Ficar face-a-face está ficando cada vez menos necessário.

Cresce o número de gente que se sente intoxicada de gente, daí cada um inventa uma fuga: um relacionamento de faz-de-conta, contatos apenas virtuais, arrumar um bichinho de estimação, viver em algum lugar solitário. J. D. Salinger, o autor de “O apanhador no campo de centeio”, numa rara e resistente entrevista em 2004, preferiu viver solitário nas montanhas. Sua halitose, seu jeito de ser e o sucesso do livro contribuíram para reforçar sua tendência anti social.

A atitude avessa às pessoas não é adotada apenas por escritores e cientistas; costuma fazer parte de pessoas que vivem o cotidiano acadêmico, não obstante o imperativo de eles terem que conviver com alunos e colegas. “Seria bom trabalhar numa universidade que não tivesse alunos”, diz um pesquisador que odeia ensinar. Outro me confidenciou que não acreditava mais na amizade; outro, diz que somente se interessa conversar com os de “seu nível”. Há aqueles que substituem os amigos pelos “irmãos em Marx”, ou “irmãozinhos da psicanálise segundo Lacan”. Um erudito tentou me convencer de que com a fragmentação irreversível de nossa época resta cada um ficar na sua, em casa, e “conversar” com Platão, Aristóteles, Agostinho, Tomas de Aquino, apenas com gente que abre o caminho da sabedoria e da ascese. Segundo esse erudito “é mais proveitoso conversar com meus amigos, pensadores, do que com especialistas de nossa época”.

Hoje é fácil descartar amizades potenciais. A falta de disponibilidade para a amizade verdadeira é tamanha que torna-se visível a resistência para continuar uma conversa que mal teve um início. Não raro, as poucas amizades que ousam ultrapassar a barreira do estereótipo precisam vencer as contingências que concorrem para descartá-las, ou podem simplesmente serem toleradas por interesses profissionais, institucionais, políticos, acadêmicos, comunitários, ou mesmo familiares. Entretanto, segundo Alberoni (1993), essas indicações, acima, nada têm a ver com o conceito de amizade.

Militantes não são amigos

Uma das primeiras frustrações que tive na militância política de esquerda foi reconhecer que entre os militantes não existe verdadeira amizade, mas sim lealdade e interesse na “causa” revolucionária. Na verdade, alguém disse que – especialmente em período de crise política, ou de CPIs – a política não só separa amigos de inimigos, separa também amigos de amigos e, pior, tende a juntar inimigos conforme interesses de momento. (Dissidentes do PT, hoje, parecem “amigos” da direita, contra o governo Lula).

Onde as relações são instrumentais não existe verdadeira amizade. As amizades se sustentam apenas onde as relações são consumatórias. A política é o melhor exemplo de relações instrumentais, porque, nela, sempre existe um terceiro elemento que condiciona as relações humanas, que são: a causa, o interesse do partido que cada um serve, ser um “não-sujeito”, etc. Na amizade – e no amor, também – sobressai o impulso natural e o sentido consumatório da relação de querer estar com outro, e basta! Embora a amizade e o amor tenham os seus próprios e camuflados interesses egoístas, a finalidade de ambos é a sustentação do vínculo entre as pessoas que se quer bem.

Entretanto, a pseudo amizade dos militantes de uma causa política, religiosa, ou cultural, tem uma finalidade meramente instrumental, porque o outro só existe como “objeto” de uso para conseguir êxito numa causa abstrata ou concreta. (Epicuro, na antiguidade grega, teria sido pioneiro ao observar que a amizade nada tem a ver com o vínculo político ou religioso. Mas pode ser condição para a construção da subjetividade desalienada e uma personalidade preparada para enfrentar as falsas opiniões e as tiranias do mundo).

Existe uma equivalência no tratamento entre “camaradas”, “companheiros” da esquerda política e os “irmãos” do cristianismo. Na militância política da esquerda dogmática a amizade é vista como um valor da burguesia tal como o amor e a própria democracia. O tratamento de “camarada” (da língua russa) ou de “companheiro” (do espanhol americano) nada tem do sentido clássico de amigo. O camarada ou companheiro é alguém incluso na militância, na luta política, ou seja, a relação jamais é direta, antes passa pela “autorização” do grande Outro (o partido, a causa, o catecismo marxista, etc). Nesse sentido, ambos se aproximam do sentido de “irmão”, que é de inspiração religiosa (“irmãos em Cristo”, “O amor de Cristo nos uniu”), isto é, mediado por Deus-Pai, por Cristo, que, também renega o valor da amizade.

O cristianismo é acusado como uma religião que trabalhou ideologicamente para substituir a amizade, cuja matriz é grega e laica, pela irmandade, mediada pelo poder e amor divinos. A ética cristã que aproxima os crentes é o amor que passa por Deus-Pai, ou ao “próximo”, portanto, não ao “amigo”.

Fontes e definição da amizade

Os gregos antigos são fonte de inspiração sobre a amizade. Para Epicuro (341-270 a.C) “embora não altere o sofrimento nem possa evitar a morte, [a amizade ou philia] ajuda a suportá-la (...). Ainda, a philia é o instrumento indispensável ao artesanato ético interior, pois a presença do amigo auxilia a procura e a manutenção da sabedoria...” (Pessanha, 1992).

Epicuro foi o sábio que mais teve amigos, na antiguidade, tamanho foi o número deles que vieram saudá-lo no seu funeral. Embora fosse um homem de saúde frágil, Epicuro, morreu feliz, brindando aos seus amigos com uma taça de vinho.

Sócrates (469-399 a.C.) também não se cansava de dizer que o maior bem que tinha na vida eram os amigos. Entretanto, sua ferina ironia, teria angariado para si muitos inimigos, dentre eles os sofistas. Uma de suas preocupações, como filósofo, era ensinar aos discípulos como fazer e como manter amizade, dado que existem pessoas que facilmente iniciam uma, mas não sabem como mantê-la. Platão, seu principal discípulo, herdou do mestre sua dedicação para com esse assunto, fazendo vários diálogos elogiando a amizade.

Mas coube a Aristóteles elevar a amizade à categoria de virtude, que como tal é uma coisa absolutamente necessária para a vida – mais exatamente, para viver a vida com sentido de felicidade (gr.: eudaimonia). “Ainda que possuísse todos os bens materiais, um homem sem amigos não pode se feliz”, diz.

Homem do nosso tempo, o sociólogo italiano Alberoni (op.cit.), observa com propriedade que amizade só é possível entre “iguais”, ou entre aqueles que vivem a mesma condição humana. Portanto, é praticamente impossível existir amizade entre patrão e empregado, entre professor e aluno, entre médico e paciente, entre psicanalista e analisando, entre líder e liderados, entre sargento e soldado, entre uma autoridade e os seus subalternos, etc, porque sendo relações dessimétricas é natural que exista entre tais pessoas, respeito, veneração, temor reverencial, adulação, puxa saquismo, mas não amizade genuína. Para que alguma dessas relações vire uma amizade verdadeira há que ser superada tal dessimetria, além delas passarem por provas impostas pelas circunstâncias da própria vida.

Malebranche lembrou que as atitudes de adulação nada têm a ver com a amizade. O aluno que adula o professor, longe de promover a relação, reforça o narcisismo que todo professor não revela, mas se alimenta dele para exercer bem o seu ofício. A experiência mostra que o aluno adulador tem outros interesses facilmente adivinhados. Os discípulos que seguem a orientação de um “grande mestre” vão além da adulação quando almejam levar suas idéias para o ato, mas não fundam uma verdadeira amizade. Parece que o enamoramento e a amizade são de naturezas diferentes, embora existam muitos pontos de semelhança entre ambos, tais como: confiança, desejo de estar junto, agradar o outro, trocar pontos de vista, etc.

É mais sábio e gratificante para todo o ser humano ser levado por esse “impulso natural” que é a amizade do que ser movido por interesses supostamente elevados, onde o outro é reduzido a um mero objeto-instrumento de uma causa. Foi publicada uma pesquisa em 2005 sobre a relação entre amizade e saúde; além de ela dar sentido existencial as pessoas ela proporciona saúde física e bem estar as pessoas envolvidas nesse vínculo afetivo.

Finalizo com uma observação de meu amigo e escritor José Carlos Leal: “Desconfie de uma pessoa que chama a todos de amigos. Porque, se ele chama a todos de amigos, provavelmente não se sente amigo de todos”.
Raymundo de Lima

Referências bibliográficas:

ALBERONI, F. A Amizade. São Paulo: Rocco, 1993.
_________. Enamoramento e amor. Rio: Rocco, 1986.
BALDINI, M. A amizade e os filósofos. Bauru: Edusc, 2000.
BALTASAR GRACIÁN. A arte da sabedoria mundana. São Paulo. Best Seller, 1992.
BAUMAN, Z. O amor líquido: Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
CARDOSO, S. “Paixão da igualdade, paixão da liberdade: a amizade em Montaigne”. In: Os sentidos da paixão. São Paulo: C. Letras, 1988.
CAVALCANTI, B. O. “O juramento de lealdade e fidelidade: a militância no PCB”. (Texto apresentado no Grupo de Trabalho “Partidos e Movimentos de Esquerda”, na 8ª. Reunião Anual da ANPOCS. Águas de São Pedro, SP, out. 1984.
CICERO. Saber envelhecer. A amizade. Porto Alegre: L&PM, 1997.
DESCARTES, R. Discurso do método. As paixões da alma.Meditações. Objeções e respostas. São Paulo: Nova Cultural. [Os pensadores]. 1991.
GIKOVATE, F. Amizade é mais que amor. rev. Claudia, set/ 96, p. 229.
MONTAIGNE. [Os pensadores]. São Paulo: Abril. 1980.
PESSANHA, J. A. M. As delícias do jardim. In: Ética. São Paulo: Cia. Letras, 1992.
SÓCRATES. por Xenofonte. [Os pensadores]. São Paulo: Nova Cultural, 1991.
VOLTAIRE. Dicionário Filosófico. [Os pensadores]. São Paulo: Abril, 1978.
WHEELE, E. et al. A essência da amizade. São Paulo: McClaret, 1998.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

"Ministro do que"?


O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.
Bertold Brecht, escritor e teatrólogo alemão (1898/1956).

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O preto sobre o branco


Em África, disse alguém, os mortos são negros e as armas são brancas. Seria difícil encontrar uma síntese mais perfeita da sucessão de desastres que foi e continua a ser, desde há séculos, a existência no continente africano.

O lugar do mundo onde se crê que a humanidade nasceu não era certamente o paraíso terrestre quando os primeiros “descobridores” europeus ali desembarcaram (ao contrário do que diz o mito bíblico. Adão não foi expulso do éden, simplesmente nunca nele entrou), mas, com a chegada do homem branco abriram-se de par em par, para os negros, as portas do inferno.

Essas portas continuam implacavelmente abertas, gerações e gerações de africanos têm sido lançados à fogueira perante a mal disfarçada indiferença ou a impudente cumplicidade da opinião pública mundial. Um milhão de negros mortos pela guerra, pela fome ou por doenças que poderiam ter sido curadas, pesará sempre na balança de qualquer país dominador e ocupará menos espaço nos noticiários que as quinze vítimas de um serial killer.

Sabemos que o horror, em todas as suas manifestações, as mais cruéis, as mais atrozes e infames, varre e assombra todos os dias, como uma maldição, o nosso desgraçado planeta, mas África parece ter-se tornado no seu espaço preferido, no seu laboratório experimental, o lugar onde o horror mais à vontade se sente para cometer ofensas que julgaríamos inconcebíveis, como se as populações africanas tivessem sido assinaladas ao nascer com um destino de cobaias, sobre as quais, por definição, todas as violências seriam permitidas, todas as torturas justificadas, todos os crimes absolvidos.

Contra o que ingenuamente muitos se obstinam em crer não haverá um tribunal de Deus ou da História para julgar as atrocidades cometidas por homens sobre outros homens. O futuro, sempre tão disponível para decretar essa modalidade de amnistia geral que é o esquecimento disfarçado de perdão, também é hábil em homologar, tácita ou explicitamente, quando tal convenha aos novos arranjos económicos, militares ou políticos, a impunidade por toda a vida aos autores directos e indirectos das mais monstruosas acções contra a carne e o espírito.

É um erro entregar ao futuro o encargo de julgar os responsáveis pelo sofrimento das vítimas de agora, porque esse futuro não deixará de fazer também as suas vítimas e igualmente não resistirá à tentação de pospor para um outro futuro ainda mais longínquo o mirífico momento da justiça universal em que muitos de nós fingimos acreditar como a maneira mais fácil, e também a mais hipócrita, de eludir responsabilidades que só a nós nos cabem, a este presente que somos.

Pode-se compreender que alguém se desculpe alegando: “Não sabia”, mas é inaceitável que digamos: “Prefiro não saber”. O funcionamento do mundo deixou de ser o completo mistério que foi, as alavancas do mal encontram-se à vista de todos, para as mãos que as manejam já não há luvas bastantes que lhes escondam as manchas de sangue. Deveria portanto ser fácil a qualquer um escolher entre o lado da verdade e o lado da mentira, entre o respeito humano e o desprezo pelo outro, entre os que são pela vida e os que estão contra ela. Infelizmente as coisas nem sempre se passam assim.

O egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de generosidade, as pequenas cobardias do quotidiano, tudo isto contribui para essa perniciosa forma de cegueira mental que consiste em estar no mundo e não ver o mundo, ou só ver dele o que, em cada momento, for susceptível de servir os nossos interesses.

Em tais casos não podemos desejar senão que a consciência nos venha sacudir urgentemente por um braço e nos pergunte à queima-roupa: “Aonde vais? Que fazes? Quem julgas tu que és?”. Uma insurreição das consciências livres é o que necessitaríamos. Será ainda possível?
(José Saramago)

Socialismo = Neoassistencialismo



Um professor de economia na universidade Texas Tech disse que ele nunca reprovou um só aluno antes mas tinha, uma vez, reprovado uma classe inteira. Esta classe em particular insistia que o socialismo realmente funcionava: ninguém seria pobre e ninguém seria rico, tudo seria igualitário e 'justo.' O professor então disse, "Ok, vamos fazer um experimento socialista nesta classe. Em vez de dinheiro, usaremos suas notas nos testes."

Todas as notas seriam concedidas com base na média da classe, e portanto seriam 'justas.' Isso quis dizer que todos receberiam as mesmas notas, portanto, ninguém repetiria. Isso também quis dizer, claro, que ninguém receberia um A...

Depois que a média das primeiras provas foi calculada, todos receberam B. Quem estudou com dedicação ficou indignado, mas os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o resultado.

Quando o segundo teste foi aplicado, os preguiçosos estudaram ainda menos - eles esperavam tirar notas boas de qualquer forma. Aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que eles também se aproveitariam do trem da alegria das notas. Portanto, agindo contra suas tendências, eles copiaram os hábitos dos preguiçosos. Como um resultado, a segunda média dos testes foi D.

Ninguém gostou.

Depois do terceiro teste, a média geral foi um F.

As notas não voltaram a patamares mais altos, mas as desavenças entre os alunos, buscas por culpados e palavrões passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela classe. A busca por 'justiça' dos alunos tinha sido a principal causa das reclamações, inimizades e senso de injustiça que passaram a fazer parte daquela turma. No final das contas, ninguém queria mais estudar para beneficiar o resto da sala.

Portanto, todos os alunos repetiram... Para sua total surpresa.

O professor explicou que o experimento socialista tinha falhado porque ele foi baseado no menor esforço possível da parte de seus participantes. Preguiça e mágoas foram seu resultado. Sempre haveria fracasso na situação a partir da qual o experimento tinha começado.

"Quando a recompensa é grande", ele disse, "o esforço pelo sucesso é grande, pelo menos para alguns de nós. Mas quando o governo elimina todas as recompensas ao tirar coisas dos outros sem seu consentimento para dar a outros que não batalharam por elas, então o fracasso é inevitável.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

De qual natureza é a sua picada?



Um mestre oriental que viu que um escorpião estava se afogando decidiu tirá-lo da água, mas quando o fez o escorpião o picou.
Pela reação de dor, o mestre o soltou e o animal caiu de novo na água e estava se afogando de novo.
O mestre tentou tirá-lo novamente e novamente o animal o picou.
Alguém que estava observando se aproximou do mestre e lhe disse:
"Desculpe-me mas você é teimoso! Não entende que todas as vezes que tentar tirá-lo da água ele irá picá-lo?"
O mestre respondeu: "A natureza do escorpião é picar, e isto não vai mudar a minha, que é ajudar".
Então, com a ajuda de uma folha o mestre tirou o escorpião da água e salvou sua vida.
Não mude sua natureza se alguém te faz algum mal; apenas tome precauções.
Alguns perseguem a felicidade, outros a criam.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Começar, tentar de novo...



Se as coisas são inatingíveis...ora! Não é motivo para não querê-las.
(Quintana)