quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O Último Exorcismo

Filmes de terror de baixo orçamento sempre existiram na indústria, mas agora, aliados à estética documental caseira que virou moda há alguns anos, têm ocupado espaço de destaque nos cinemas. Que estúdio não quer, afinal, investir menos de 2 milhões de dólares e faturar 40 milhões nas bilheterias? Em Hollywood, filmagem tosca virou commodity.

O Último Exorcismo (The Last Exorcism, 2010) é o mais recente exemplo dessa onda. Começa com uma equipe de filmagens acompanhando um pastor exorcista (Patrick Fabian) no que ele espera ser seu último trabalho: ir até uma cidadezinha no sul dos Estados Unidos para desvendar a possessão de uma garota (Ashley Bell). Mas aos poucos, conforme o sjueito, que há anos tira dinheiro dos crédulos sulistas, tenta provar para as câmeras que tal fenômeno não passa de crendice, o cenário começa a parecer cada vez mais estranho. Seria o caso verídico ou mais um trabalho de rotina? Como a equipe de filmagens na trama está efetivamente rodando um documentário, a produção aproveita para incorporar cabos, microfones e cenas de bastidor à história. Os cenários da sinistra Louisiana também ajudam na ambientação realista. A falta de orçamento do filme colabora para suas intenções.

No entanto, como Atividade Paranormal, seu sucessor imediato no gênero, o truque de O Último Exorcismo rapidamente pode ser desvendado. Sem dinheiro não há efeitos especiais, então prepare-se para uma hora de insinuação e expectativa, com direito a close-ups "dramáticos" no rosto da menina encapetada e outras formas de embromação cinematográfica. A produção tem que economizar tudo o que pode até os minutos finais, quando mostrará alguma coisa assustadora de verdade. Curiosamente, nada inédito, já que o filme precisa ser vendido e, como as cenas são as únicas dignas de exposição "marqueteira", você já as conhece do trailer. O lado bom dessa manipulação toda? Sobra tempo para desenvolver personagens e acompanhar o pastor em seu falatório incessante. Sem pirotecnicas o longa precisa se apoiar em sua história, que se torna razoavelmente interessante (ignorar furos de roteiro já é algo inerente ao público) e apresenta algumas reviravoltas decentes ao final.

Mas o público não deve demorar para perceber que em filmes assim a tosquice é muleta e muito pouco acontece de verdade... é apenas uma questão de tempo até que o gênero se canibalize. E se no começo a produção até se esforça para dar alguma qualidade cinematográfica a O Último Exorcismo, a correria e tremedeira a la Bruxa de Blair do clímax é indefensável. Funcionou no passado, mas eu ficaria irritado em pagar uma entrada de cinema para não ver o que está acontecendo. Até o diabo pega na câmera em determinado momento - e saiba você que ele é péssimo cinegrafista.
(Érico Borgo)

Ei, essa é pra você!


"Não eduque seu filho para ser rico, eduque-o para ser feliz. Assim, ele saberá o valor das coisas e não o seu preço."
(Autor Desconhecido)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Ó vida!

O amor que não se renova a cada dia passa a ser um hábito e termina sendo uma escravidão.
(Autor Desconhecido)

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O Último Mestre do Ar


O filme é baseado nos animes Avatar, que nada têm a ver com o blockbuster de James Cameron. É sobre um mundo constituído de quatro povos distintos, que só ficam em harmonia quando regidos pela força dos avatares, espécie de monges (ou “xerifes cósmicos”, como ironizou um jornal alemão) que têm poder sobre os quatro elementos da natureza – fogo, terra, ar e água.

Há algum tempo, esses mestres estavam desaparecidos, mas a suspeita de que uma de suas reencarnações teria retornado faz com que os povos iniciem uma corrida ao tesouro, uns querendo ajudá-lo a trazer a harmonia de volta ao mundo e outros querendo encontrar o tal mestre para prendê-lo e terem a possibilidade de eles dominarem o mundo com suas máquinas. Uma criatividade só, não?!

M. Night Shyamalan já vinha apanhando da crítica com seus últimos filmes (A Dama na Água e Fim dos Tempos). O Último Mestre do Ar obteve apenas 8% de aprovação no Rotten Tomatoes (site que contém a média de cotação da crítica), um pesadelo para quem já esteve nas listas dos mais promissores diretores de cinema, quando do lançamento de O Sexto Sentido, uma preciosidade do suspense atual.

O problema é que o sujeito não consegue delegar funções: além de dirigir, ele assina o roteiro e produz o filme – e faz questão que todos saibam disso. O resultado já pode ser visto pela triste bilheteria que o título teve nos Estados Unidos.

Tendo como protagonistas uma criança demoníaca (que da bondade de um avatar nada transparece), dois irmãos palermas (que deveriam ser os protetores do avatar, mas são incompetentes para tal) e um vilão sem expressão (Dev Patel, antes a revelação indiana em Quem Quer Ser um Milionário), o filme lota-se de clichês, elos mal desenvolvidos, um roteiro fraquíssimo - inacreditavelmente também assinado pelo Shyamalan – e diálogos tão redundantes que beiram o ridículo. A maior parte das falas nem precisava existir. Elas apenas explicam o óbvio, aquilo que já está sendo mostrado em imagens.

A saga de Aang é longa e se passa em um universo complexo. O Último Mestre do Ar sofre da mal que outros começos de franquia já penaram: a necessidade de apresentar todo um cenário fantástico. Quando se tem uma série animada – de onde surgiram os personagens –, a estrutura de episódios funciona para que sejam mostrados elementos do universo sem que se perca o entusiasmo pelos protagonistas. No filme, tudo acaba tendo de ser jogado rapidamente e o mascote de Aang parece apenas ser um figurante de luxo, por exemplo.

Um aviso final: não assista ao filme em 3D! Com tantas opções desse tipo de projeção, é melhor guardar sua verba e investir em títulos que foram realmente pensados para serem apresentados dessa forma. O Último Mestre do Ar foi porcamente convertido para estereoscopia na pós-produção e o efeito é praticamente impercepitível.

(Críticas de Fred Burle e Edu Fernandes)