
O filme é baseado nos animes Avatar, que nada têm a ver com o blockbuster de James Cameron. É sobre um mundo constituído de quatro povos distintos, que só ficam em harmonia quando regidos pela força dos avatares, espécie de monges (ou “xerifes cósmicos”, como ironizou um jornal alemão) que têm poder sobre os quatro elementos da natureza – fogo, terra, ar e água.
Há algum tempo, esses mestres estavam desaparecidos, mas a suspeita de que uma de suas reencarnações teria retornado faz com que os povos iniciem uma corrida ao tesouro, uns querendo ajudá-lo a trazer a harmonia de volta ao mundo e outros querendo encontrar o tal mestre para prendê-lo e terem a possibilidade de eles dominarem o mundo com suas máquinas. Uma criatividade só, não?!

M. Night Shyamalan já vinha apanhando da crítica com seus últimos filmes (A Dama na Água e Fim dos Tempos). O Último Mestre do Ar obteve apenas 8% de aprovação no Rotten Tomatoes (site que contém a média de cotação da crítica), um pesadelo para quem já esteve nas listas dos mais promissores diretores de cinema, quando do lançamento de O Sexto Sentido, uma preciosidade do suspense atual.
O problema é que o sujeito não consegue delegar funções: além de dirigir, ele assina o roteiro e produz o filme – e faz questão que todos saibam disso. O resultado já pode ser visto pela triste bilheteria que o título teve nos Estados Unidos.

Tendo como protagonistas uma criança demoníaca (que da bondade de um avatar nada transparece), dois irmãos palermas (que deveriam ser os protetores do avatar, mas são incompetentes para tal) e um vilão sem expressão (Dev Patel, antes a revelação indiana em Quem Quer Ser um Milionário), o filme lota-se de clichês, elos mal desenvolvidos, um roteiro fraquíssimo - inacreditavelmente também assinado pelo Shyamalan – e diálogos tão redundantes que beiram o ridículo. A maior parte das falas nem precisava existir. Elas apenas explicam o óbvio, aquilo que já está sendo mostrado em imagens.
A saga de Aang é longa e se passa em um universo complexo. O Último Mestre do Ar sofre da mal que outros começos de franquia já penaram: a necessidade de apresentar todo um cenário fantástico. Quando se tem uma série animada – de onde surgiram os personagens –, a estrutura de episódios funciona para que sejam mostrados elementos do universo sem que se perca o entusiasmo pelos protagonistas. No filme, tudo acaba tendo de ser jogado rapidamente e o mascote de Aang parece apenas ser um figurante de luxo, por exemplo.

Um aviso final: não assista ao filme em 3D! Com tantas opções desse tipo de projeção, é melhor guardar sua verba e investir em títulos que foram realmente pensados para serem apresentados dessa forma. O Último Mestre do Ar foi porcamente convertido para estereoscopia na pós-produção e o efeito é praticamente impercepitível.
(Críticas de Fred Burle e Edu Fernandes)
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